terça-feira, 20 de abril de 2010

Pessoas que se levam demasiado a sério.

Odeio pessoas que se levam demasiado a sério.
São o género de pessoa que me levam a pensar que o aborto não devia ser opção, mas sim obrigatório. Uma espécie de "prestação de serviços à Humanidade".
Em Portugal, estas pessoas adquirem estatutos sociais que não se veêm em outros países.
Vejamos um exemplo prático, a noite portuguesa.
A noite portuguesa é básica. Consiste em ir sair para o local da moda, dar três ou quatro passos de dança, beber bastante, ir para casa e no dia seguinte dizer aos amigos: "Puto, tive uma noite... Epa do camandro... . E então que fizeste? Epá fui sair mesmo naquela, do curtir a cena tás a ver? Fui para o Lux, tive lá até às 7h e entretanto estava em casa. Mas foi... Ufff.... Do caraças."
Ora, estas pessoas levam-se demasiado a sério.
É assim tão importante para nós saber onde estiveram na noite anterior? É que não perguntei nada. Parece que o ego incha quando nos contam que estiveram 20min numa fila qualquer, pagaram 40€ pela noite toda, vomitaram no táxi e comeram a gaja mais transexual que viram.
Isto é que é vida de campeão.
Depois, ainda temos os porteiros e os dj's.
Os porteiros... esses parentes pobres do Berardo (só porque não têm o pin do coraçãozinho). Que raça é aquela que alcança tais níveis de arrogância? Aposto que no dia que Sócrates sair do Governo, vamos vê-lo a barrar entradas na Kapital.
É impressionante como essas bestas se julgam os detentores de moralidade, da arte do bem vestir (no fundo são todos uns Tim Gunn) e da coerência. Estamos numa fila à espera, chegamos à porta, eles fazem uma avaliação profunda do nosso ser, e dizem-nos: "De t-shirt não podes entrar". Isto é que é avaliar um ser humano. É por isso que quando vou sair gosto de levar a minha t-shirt favorita que diz: "Se não entrar, a culpa é das meias.".
E depois há sempre o good cop, que nos cobra 15€ e o bad cop que nos cobra 250€ e que normalmente é uma mulher. É dar seguimento ao mito urbano de que as mulheres, quando estão num lugar de relevo e de poder, têm de demonstrar melhor qualidade de serviço do que o homem... ou porque são simplesmente umas cabras de primeira? Mãos no ar para a segunda opção? Estamos de acordo então.
Estes porteiros ainda conseguem lixar-nos com uma coisa. Esta é para vocês homens. Sempre ouvi dizer que não se leva areia para o deserto. Então porque é que quando vou com dois amigos a uma discoteca, dizem-nos "É muito homem", mas se atrás de nós estiver um tipo com duas gajas, é "Faz favor"?. Dá vontade de dizer, "É muito homem e ainda não o viste em pé oh pêga.".
Se a ideia é conhecer miúdas giras e atractivas, pelo menos até o alcool começar a fazer efeito (depois disso é tudo o que vem à rede, tem vagina), não se levam miúdas para uma discoteca. As duas excepções são namoradas, e tipas que sabemos que vamos comer naquele dia. Ok, é só namoradas, porque essas de certeza que vamos ter sexo. As outras... eu não ponho as mãos no fogo.
Por fim, temos os Dj's. Masters da música. Reis da noite.
Sem Dj's não temos música, logo não temos festa o que é chato.
Mas e quando o Dj é mais merdão que o Pedro Silva do Sporting? Aí temos problema.
Aposto que já vos aconteceu irem sair para uma festa, todos animados, já beberam o vosso copo, estão alegres e de repente o Dj atira-vos com Ondachoc "Ele é o Rei". Claro que me podem dizer, "Oh Irascível, elas eram ícones dos anos 80". Sim, eram. Ícones das minhas sessões de masturbação aos 12 anos. Queria lá ouvir 12 tipas a cantarem música de merda. Queria era que elas se comessem enquanto eu via. Agora com 25, é que vou ouvir isto? Depois de ter pago 10€ de entrada? Se soubesse tinha trazido o meu walkman com a cassete.
E se um gajo vai lá pedir uma música? Uiiii que temos drama. É como pedir ao Partido Comunismo para eleger um líder com menos de 70 anos. Levamos com um redondo não que até andamos de lado. É ouvir a música que querem ou nada feito.
Verdade seja dita, nem sempre faz sentido aquilo que pedimos. Do género... Está a tocar David Guetta e eu chego lá a pedir Sepultura, é possível que o gajo olhe para mim com um ar esquisito.
Agora, se estiver a tocar Ondachoc e eu pedir música para pessoas com mais de 20 anos, com um cérebro normal e com vontade de ter sexo, é capaz de fazer sentido.
De vez em quando aceitam.
E tocam José Figueiras.
E eu vou para casa. Com a tirolesa na cabeça.

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